quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Só Deus Dá Vitória Completa


Só Deus Dá Vitória Completa  |  Pr. Olavo Feijó

Romanos 8:37 - Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. 

As provações que tentam nos separar do amor de Cristo foram vividas por Paulo: “os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição, a fome, a pobreza, o perito, a morte” (verso 35). Ao relatá-las, o apóstolo afirma a grande verdade divina, que ele mesmo experimentou: “Em todas essas situações temos a vitória completa por meio Daquele que nos amou” (Romanos 8:35 e 37).

Nem Cristo prometeu, nem os apóstolos ensinaram que viver como cristão oferece facilidades. Bem ao contrário. Quanto mais experimentamos viver a Bíblia, mais nos damos conta de que no mundo teremos tribulações (João 16:33).

O recado de Paulo, através da carta aos Romanos, é que somente conseguimos vitória completa em Cristo, aquele “que nos amou”. Por isso, viver a vida cristã constitui um desafio constante à nossa fé: o desafio de aceitar no coração as promessas Dele, de por em prática os Seus mandamentos, de nos submetermos ao Seu poder. Enquanto vivermos dependendo dos critérios do mundo, seremos vítimas do medo e da desesperança. Somente em Cristo temos vitória completa.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Justificados e salvos pela graça

Justificados e salvos pela graça  |  Pastor Sérgio Fernandes

Efésios 2:8 - Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 

Assim o Senhor Jesus faz com pecadores condenados ao inferno. Quando estes, iluminados pelo Espírito Santo, clamam pelo socorro divino, essa fé que os leva a buscar em Jesus a salvação os justifica (Rm 5.1; Ef 2.8). Ser justificado significa ser declarado justo, sem pecado. Por causa do que Cristo fez, não na mesa de mármore, mas na cruz do Calvário, os pecadores podem ser justificados e adotados na família divina.

Voltemos agora a mulher adúltera. Você observou no texto que ela se silencia? Durante toda a acusação, ela se mantém calada. Ela conhece o seu pecado. Sabe que se sofrer o apedrejamento, isso será justo, porque ela tem conhecimento da lei. Assim como a mulher adultera, o pecador não tem como se defender diante da lei de Deus. Resta a ele aguardar a justa condenação.



As vezes observo a atitude irreverente daqueles que não temem a Deus, dizendo que no dia do juízo, irão levantar a voz contra o Eterno questionando a respeito das injustiças do mundo ou coisas do tipo. Tolos! Você acha mesmo que teremos algum direito a pronunciar qualquer palavra ao Soberano no Dia do Seu Juízo? Não teremos! Por isso, o amor de Deus revelado tão claramente no evangelho da graça nos oferece um escape. E esse escape está no Senhor Jesus.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CRISTO PODE NOS LIMPAR - ALELUIA

Cristo pode nos limpar!  |  Pastor Sérgio Fernandes

Mateus 8:1 - ¶ E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. 

Uma das minhas narrativas bíblicas favoritas é o encontro de Jesus Cristo com o leproso (Mt 8.1-4). Quatro versículos apaixonantes que eu leio e releio sem nunca perder o assombro. Ministrei mensagens sobre esse trecho diversas vezes, e me espantei quando, em uma madrugada, o Senhor vivificou essa porção das Escrituras para mim outra vez. O encontro de Jesus com o leproso é um retrato de nossa conversão e também de nossa santificação. Esse texto aponta a magnífica verdade do evangelho da graça: Cristo pode e quer nos limpar da nossa sujeira.

O Salvador desceu do monte para encontrar o leproso, e desceu do céu para encontrar homens sujos como eu. Na encarnação, Deus se revela claramente pelo Filho (Hb 1.1,2). A força do amor que movia Cristo em direção as pessoas é um retrato fidedigno do amor divino que deseja salvar o mais vil pecador. O Cristo que desceu do céu é a resposta de Deus a sujeira da humanidade. Do mesmo modo que o Criador se mostra disposto a ir em direção as suas criaturas, nós, que carecemos de Sua misericórdia, podemos ir ao encontro de Cristo, pela revelação do Espírito Santo, para sermos acolhidos graciosamente nos braços do Pai Celestial.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Relatório Final - Pesquisa de Iniciação Científica - Bolsa BPA/PUCRS


ARQUITETURA DA HABITAÇÃO POPULAR:
ALGUNS ESTUDOS DE CASOS SOBRES OS MODOS DE MORAR

Orientadora: Raquel Rodrigues Lima
Aluna: Angela Cristiane Fagundes Bolsista BPA/PUCRS

Currículo Lattes - http://lattes.cnpq.br/6475290023250595 

Porto Alegre, janeiro de 2015

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Departamento de Teoria e História




INTRODUÇÃO

Novos modos de morar modernos surgem no século XX, em diferentes fases e níveis de desenvolvimento, com características gerais e, ao mesmo tempo, específicas com relação às diferentes realidades culturais, sociais, econômicas e políticas. O presente trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla, possui como objeto de estudo a habitação popular produzida no Brasil com qualidades arquitetônicas visíveis, entre o período de 1945 e 1960.
O tema é complexo e exige aprofundamento. No intuito de apresentar uma breve introdução, alguns dados referentes às cidades brasileiras do final do século XIX tornam-se relevantes, principalmente quando se trata das transformações urbanas que se intensificaram nos grandes centros. Na cidade de São Paulo, por exemplo, identifica-se o aumento da população, sendo a chegada de imigrantes um dos importantes fatos determinantes para a elevação da densidade, o que causa a expansão descontrolada da malha urbana. A habitação existente neste momento era precária e insalubre. As condições do meio, como a topografia e a falta de saneamento adequado, favoreceram a proliferação de epidemias, fato determinante para uma intervenção higienista (BONDUKI, 2011, p. 33).
Dentro deste contexto, o governo deu início a políticas de estímulo à iniciativa privada, com o intuito de atender a demanda do setor imobiliário, por meio de incentivos ficais e oportunizando a alternativa de ofertas de casas rentitas. Assim, a partir de 1930, começa a consolidar-se uma nova abordagem sobre o tema da habitação social, sendo entendido como um tema multidisciplinar, ou seja, compreendendo diferentes campos do conhecimento, tais como: sociologia, política, filosofia, economia, engenharia e arquitetura.
Outra importante iniciativa neste panorama ocorreu também por parte do poder público que procurou fortalecer os órgãos governamentais - Fundação da Casa Popular, Carteiras Prediais dos Institutos de Aposentadoria e Pensão e Departamento de Habitação – com o mesmo objetivo de suprir a necessidade de habitação. A partir desse momento, surgem diversas iniciativas de implantações de projetos de grande porte, configurando-se em uma das inovações destes empreendimentos, com número de unidades habitacionais acima de 2000 unidades, num cenário onde o máximo era de 200 habitações.
Projetos brasileiros adquirem visibilidade internacional, como é o caso do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como Pedregulho, iniciativa essa proveniente do poder público. O Conjunto Habitacional Pedregulho insere-se, portanto, no quadro de outras iniciativas realizadas com os recursos dos Institutos de Aposentadorias e Pensões - IAPs, no âmbito do Departamento de Habitação Popular da Prefeitura do Distrito Federal. Este Departamento notabilizou-se por implementar uma série de projetos com características semelhantes ao Pedregulho, entre os quais podem ser lembrados o Conjunto Residencial do Realengo, do arquiteto Carlos Frederico Ferreira; o projeto para a Vila Guiomar, em Santo André, de Carlos Frederico Ferreira (1949); o Conjunto Residencial Passo d'Areia, em Porto Alegre, de Marcos Kruter e Edmundo Gardolinski (1946); o Conjunto Habitacional da Gávea, também de Affonso Eduardo Reidy (1954), e o Conjunto Residencial de Vila Isabel, de Francisco Bolonha (1955).
A presente pesquisa busca uma reflexão a respeito da habitação popular brasileira moderna, período de importantes contribuições urbanísticas e arquitetônicas.

1. OBJETIVOS DA PESQUISA

O presente relatório é resultado da pesquisa Arquitetura da Habitação Popular: alguns estudos de casos sobre os modos de morar e possui como objetivo geral a busca de dados, a análise e a reflexão sobre instrumentos e alternativas que possam ser utilizadas como possíveis referenciais para novos projetos. O objetivo central está na reflexão acerca da habitação popular brasileira moderna através dos estudos de caso dos seguintes projetos de: Oscar Niemeyer para o Conjunto Governador Juscelino Kubitschek, em Belo Horizonte, Minas Gerais; e para o Edifício Copan, em São Paulo, capital; Affonso Eduardo Reidy para o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho); e para o Conjunto Residencial Marques de São Vicente (Residencial da Gávea), ambos no Rio de Janeiro, capital; de Joaquim de Almeida Marques Rodrigues para o Edifício Holiday, em Recife, Pernambuco; e de Marcus Kruter e Edmundo Gardolinski para o Conjunto Residencial Passo d’ Areia, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

1.1. Objetivo geral:
Estimular a busca de alternativas para a produção de habitação de interesse social nos dias de hoje, a partir da investigação de exemplos da Arquitetura Popular Moderna.

1.2. Objetivos específicos:
Os objetivos específicos da pesquisa, originária do presente artigo, são:
a) fundamentação do tema a partir do estudo de aportes teóricos sobre a Arquitetura da Habitação Popular, produzida no Brasil, no período entre 1945 e 1960;
b) investigação, seleção e catalogação de estudos de casos da Arquitetura da Habitação Popular Brasileira;
c) desenvolvimento de uma matriz de análise de projetos paradigmáticos da habitação brasileira;
d) reflexão sobre as possíveis características de identidade dos exemplares selecionados sobre os modos de morar modernos;
e) participação em eventos científicos na área do conhecimento.


2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O aprofundamento do estudo da arquitetura da habitação coletiva popular é fundamental por vários motivos. Um dos aspectos motivadores no momento atual é o panorama brasileiro que apresenta, por um lado, um grande déficit habitacional para diferentes grupos sociais da sociedade; e, por outro lado, um representativo investimento por parte do governo federal por meio de programas destinados a financiar a casa própria para esse contingente.
No caso da Arquitetura Moderna, a tipologia de habitação coletiva contribuiu, significativamente, para a renovação de implantações urbanísticas, projetos arquitetônicos, processos construtivos, implementação de programas habitacionais e inovação nos modos de morar. Algumas das principais propostas urbanísticas seguiam tendências de Ebenezer Howard com a Cidade Jardim; e de Le Corbusier, com a cidade moderna exemplificada pela Unidade de Habitação de Marselha. Seguindo as recomendações do 2o CIAM (1929, Alemanha, Unidade de Habitação Mínima), valorizava-se a célula da moradia e os equipamentos coletivos, ou seja, funções domésticas transferidas aos equipamentos sociais e comunitários, tais como lavanderias coletivas, creches, salas de reuniões, etc.

“A habitação tornava-se a parte mais importante da cidade, inseparável dos espaços de recreação e demais equipamentos como assistência médica, ensino, comércio, transporte. [...] forjavam maneiras de convivência entre seus habitantes: do controle da célula habitacional às áreas livres. [...] O projeto desses espaços buscava ordenar as relações sociais, a vida comunitária, afetando o sentido de privacidade e coletividade de seus moradores.“ (SEGAWA, 2010, p. 121)

As vivências tradicionais urbanas mantêm-se presentes nos modos de viver da cidade moderna, com algumas alterações. Conforme CERTAEU (1996, p. 42), o bairro tradicional seria uma ampliação da habitação, onde a soma das trajetórias utilizadas pelos usuários, a partir do sua moradia, poderia se configurar em uma superfície urbana transparente para todos ou estatisticamente mensurável. Desta forma, o bairro e moradia teriam, cada um deles, os limites que lhes são próprios, e a taxa de controle pessoal. O bairro seria um espaço de uma relação com o outro como ser social, onde o ato de sair de casa e andar pela rua, seria efetuar um ato cultural.
A presença da modernidade, nas grandes cidades, oferecia uma nova possibilidade de habitar, um habitar moderno, que incluiria uma nova visão de bairro, concentrada, talvez, em grandes edifícios de apartamentos que, além de indicar maneiras de convivências entre seus habitantes, situavam-no num patamar do progresso da época. Conforme Segawa, o urbanismo moderno teria criado espaços urbanos com essas características:

“Os conjuntos residenciais forjavam maneiras de convivências entre seus habitantes: do controle da célula habitacional às áreas livres, o projeto dos espaços buscava ordenar as relações sociais, a vida comunitária, afetando o sentido de privacidade e de coletividade de seus moradores. É inegável a vocação educadora desses espaços, o imprimir uma moral inerente à doutrina do urbanismo moderno.” (SEGAWA, 2010, p. 121)

O estilo de vida metropolitano situava os habitantes no progresso crescente das cidades da metade do século XX, implicando na oferta de um status social próprio do habitar moderno, conforme Passos:

“Morar num edifício de apartamentos parecia significar participar desse vertiginoso e crescente progresso, enfim ter um estilo de vida metropolitano, o que se colocava implicitamente como um fator de status social [...] A nova forma de habitar era também vista como restritiva a imaginação e empobrecedora das experiências existenciais e simbólicas do espaço, principalmente para as crianças.” (PASSOS, 1998, p. 25)

Ainda fazem parte desse cenário as células habitacionais, unidades mínimas de moradia, que possuíam uma concentração das funções básicas, mas que deveriam atender às necessidades do morar moderno. Teixeira cita a expressão Máquina de Morar como fundamental característica do morar moderno:

“A Máquina de Morar, um dos maiores slogans do Movimento Moderno, é a célula habitacional tratada como mais um elemento utilitário dos tempos da produção em massa; enquanto a unidade de habitação é o conceito que incorpora a repetição de células habitacionais em um só bloco com várias funções auxiliares, como playground, cinema, lojas, padaria, etc.” (TEXEIRA, 1998, p. 210)

A Arquitetura Moderna, por meio dos novos modos de morar, apresenta a tipologia de habitação coletiva como contribuição às diferentes formas de morar, renovando as alternativas de implantação urbanística, projetos arquitetônicos, processos construtivos e implementação de programas habitacionais.


3. METODOLOGIA EMPREGADA

A pesquisa segue os critérios de um trabalho teórico, conforme o seguinte procedimento metodológico: a) pesquisa bibliográfica em livros, revistas e ambiente virtual; b) seleção de projetos de habitação popular, no período entre 1945 a 1960; c) organização do material referente a cada exemplar através de fichas de catalogação de projetos arquitetônicos e urbanísticos e imagens fotográficas; d) análise arquitetônica por meio de uma matriz de análise com o foco de identificar os modos de morar por meio do contexto histórico, da implantação dos projetos em lotes urbanos, da funcionalidade das edificações e das características formais, compositivas e de caráter.
A seguir está o modelo de ficha de leitura (Tabela 01) desenvolvido:

BASTOS, Maria Alice Junqueira; ZEIN, Ruth Verde. Brasil: Arquiteturas após 1950. São Paulo: Perspectiva, 2010.
3 – Habitação Popular: O Direito à Arquitetura
- O tema da habitação popular é estreitamente relacionado às vanguardas modernas, cujas propostas poderiam ser resumidas com exemplos extraordinários que ousaram propor a transformação do modo de morar, fazendo assim com que, aliados a aceleração do crescimento desordenado das cidades e insalubridade dos centros urbanos após a industrialização, o direito à habitação digna passasse a ser uma responsabilidade do governo e debatido de forma abrangente, multidisciplinar;
- Há uma contradição entre o que se idealizou ao que efetivamente se concretizou;
- [...] o tema da habitação popular, ou social, permanece estagnado num mar de frustrações, de tentativas interrompidas, de descasos absurdos – e esparsamente pontuados por minúsculas ilhas de resultados positivos, sem dúvidas muito importantes, mas tão isolados que chegam a ser difíceis de localizar. (página 304);
- Políticas públicas não acompanhadas de ações e verbas tendem a resultar em letra morta, exceto se forem financeiramente sustentáveis em si mesmas, podendo, portanto serem apropriadas pelas forças do mercado. (página 304);
UM CONCURSO PARA RESGATAR O PROJETO DE HABITAÇÃO POPULAR
- A baixa qualidade dos projetos de habitação popular está ligada a uma série de fatores, desde a própria política habitacional até o gerenciamento da obra. Com o objetivo de resgatar a qualidade do projeto e, consequentemente, a qualidade da execução, a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da prefeitura de São Paulo promoveu, em conjunto com a Cohab/SP o 1o concurso Nacional de Projetos de Habitação Popular. (página 306);
- A legislação vigente era vista com exigências inadequadas que impediam a criatividade e inclusive, dificultavam a economia do terreno;
- As propostas apresentadas no concurso não correspondiam às exigências da legislação, A intenção era de apresentar soluções que pudessem alterar essa legislação, porém o efeito não foi o desejado, os órgãos não aceitaram bancar uma proposta feita à sua revela, e contrariamente às suas normas;
- Participação expressiva de arquitetos de todo país – de recém-formados e escritórios tradicionais;
- O concurso englobava duas áreas muito distintas, cada uma delas emblemática: uma intervenção em um vazio urbano, central junto à então nova estação do Brás do metrô, e uma área de expansão periférica, no Jardim S. Francisco, zona leste da cidade. A ênfase do concurso era na melhoria da qualidade, não apenas da unidade habitacional – ainda limitada a áreas bastante exíguas – mas também dando ênfase na sua relação com a cidade existente – que se pretendia não fosse de isolamento e diferenciação, mas de integração e continuidade. (página 307);
- Segundo Nabil Bonduki (então superintendente de Habitação Popular da cidade de São Paulo), “as diferentes tipologias de habitação trazidas pelo concurso permitiram aumentar a visualização de alternativas de ocupação para áreas públicas. Assim foi possível confrontar soluções e ampliar o repertório à disposição da prefeitura”. De fato, um dos grandes méritos desse concurso talvez tenham sido seus resultados concretos, que foram relativamente limitados e sujeitos a várias vicissitudes típicas de situações novas, inclusive a pouca experiência de seus gestores, mas, principalmente, o fato de que “o concurso também proporcionou oportunidade para se atualizar o debate sobre habitação popular entre os arquitetos”. Emergiam das propostas, concepções contemporâneas de arquiteturas como soluções pós-modernas, de várias vertentes, modernas ortodoxas, além de outras, reinterpretadas. (página 309);
DA UTOPIA À CONSTRUÇÃO: A PARTICIPAÇÃO POPULAR
- Naquele momento, a Sehab e a Cohab paulistanas estavam trabalhando em consonância para viabilizar uma proposta mais ampla, que incluía também a intervenção em cortiços, propostas de apoio técnico à autoconstrução e ao mutirão, propostas de viabilização de uma fábrica de elementos pré-fabricados e outras voltadas para o saneamento básico e urbanização de favelas, sempre com resultados apenas parcialmente sucedidos do ponto de vista do volume de obras. (página 310);
- Habi: uma publicação de 36 páginas que presta contas das ações da política habitacional paulistana daquele momento;
- Bonduki deseja promover a efetiva participação dos usuários: “sem a participação popular autônoma e vontade política da administração não teria sido possível chegar a esses resultados”. (página 311);
- Um dos grandes méritos da gestão Bonduki na Habi foi a clareza estratégica na promoção de uma abertura de possibilidades, cuja reavaliação certamente é parte indispensável da reflexão contemporânea sobre o repertório criativo da habitação social no Brasil. Em reflexão sobre o tema, Bonduki aponta as diretrizes básicas que orientam essa


TABELA 01: Conjuntos Habitacionais do período de 1945 à 1960. FONTE: Tabela elaborada por Angela Fagundes, 2013.


O levantamento de dados e estudos de casos por meio de análise arquitetônica de exemplares da arquitetura da habitação popular, produzida no Brasil, nos anos de 1950 e décadas seguintes do século XX, teve início na pesquisa bibliográfica. A partir do panorama amplo de exemplos de conjuntos habitacionais do período, selecionou-se alguns exemplares a serem estudados (Tabela 02).
Exemplo:

OBRA
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ARQUITETO E EQUIPE
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CARACTERÍSTICAS
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LOCAL
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DATA DE PROJETO
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Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho)
Arquiteto Affonso Eduardo Reidy; Engenheira Carmen Portinho;
Paisagismo Roberto Burle Marx;
Painéis de Candido Portinari, Burle Marx e Anísio Medeiros.
Conjunto habitacional vertical, com complexo plano urbanístico, contendo espaços de lazer, conveniência e serviços, tais como: creche, posto de saúde, ginásio esportivo, escola, lavanderias coletivas, igreja.
É constituído por sete edifícios: três residenciais, quatro de serviço e áreas de lazer e piscina.
Rio de Janeiro (RJ)
Data de Projeto:1946
Data de Entrega: 1947/58
Conjunto Residencial da Gávea
(Conjunto Residencial Marquês de São Vicente)
Affonso Eduardo Reidy
O projeto original previa a construção de 748 apartamentos, creche, escola primária e secundária, playground, mercado, lavanderia, posto de saúde, igreja, teatro, campos de esportes, administração e um departamento de serviço social. Só o bloco principal, as lavanderias e o posto de saúde foram construídos. Atualmente são 308 apartamentos, cerca de 1500 moradores, seis porteiros e não possui elevadores.
Rio de Janeiro (RJ)
Data de Projeto:1952
Conjunto Residencial do Realengo
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Carlos Frederico Ferreira
Conjunto habitacional com cerca de 2.000 habitações, faz parte de uma série de projetos de habitação, realizado pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI).
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Rio de Janeiro (RJ)
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Data de Projeto:1940 Data de Entrega:1943
Conjunto Governador Juscelino Kubitschek (CGJK)
Arquiteto Oscar Niemeyer
Cliente: Governo do Estado de Minas Gerais

Cálculo estrutural: Joaquim Cardoso Incorporador: Joaquim Rolla
Um edifício dividido em dois blocos de 26 e 36 andares, com cerca de 1090 apartamentos, assume-se como lugar de moradia permanente, serviços rodoviários, de hotelaria, funcionalidade moderna com amplo espaço para convivência, restaurantes, museu de arte, boate, teatro, cinema, etc. Previam-se apartamentos com diversas tipologias como duplex, semi-duplex em vários tamanhos, kitchenettes com facilidades de hotel.
Belo Horizonte (MG)
Data de Projeto:1951
Data de Entrega: 1953 – 1970
Edifício Copan
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Oscar Niemeyer
Conjunto de implantação na área central da cidade, possui cerca de 1220 apartamentos de diferentes tamanhos e programas organizados em setores estanques, com ingressos e circulação vertical separados uns dos outros. Incluía serviços de hotel, lazer, comércio e área livre em um amplo terraço jardim;
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São Paulo (SP)
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Data de Projeto:1951
Data de Entrega:1971
Edifício Nações Unidas
Abelardo de Souza
- Implantação: esquina com a Avenida Paulista;
- Programa de múltiplas funções: comércio, serviços e residências;
- Setor de escritórios isolados em um bloco vertical e os setores residenciais não se articulava entre si;
- Três tipos de apartamento, de 1, 2, 3 dormitórios;
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São Paulo (SP)
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Data de Projeto: 1952/53
Data de Entrega:1959
Edifício Holiday
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Joaquim de Almeida Marques Rodrigues
Bloco semicircular, implantado no centro de um lote trapezoidal de esquina, localizado em área pouco consolidada da cidade de então, propunha vários serviços que viabilizaram a moradia permanente de famílias na área. Estavam previstos, em edifícios anexos, um centro de abastecimento e uma área para restaurante. No térreo, localizavam-se as lojas e o acesso aos apartamentos.
Recife (PE)
Data de Projeto:1958
TABELA 02: Conjuntos Habitacionais do período de 1945 à 1960. FONTE: Tabela elaborada por Angela Fagundes, 2013.


4. RESULTADOS ALCANÇADOS

A pesquisa tem como objetivo geral estudar aportes teóricos e sistematizar análises de estudos de casos de edifícios de habitação popular produzida no Brasil, que possam ser utilizados como possíveis referenciais para novos projetos, resguardadas as suas especificidades e contexto. A partir do levantamento de alguns projetos significativos, serão apresentados os estudos, seguidos de uma matriz de análise, dos seguintes projetos: 1) Oscar Niemeyer para o Conjunto Governador Juscelino Kubitschek, em Belo Horizonte, Minas Gerais; 2) Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho), Rio de Janeiro; 3) Conjunto Residencial Marques de São Vicente (Residencial da Gávea), Rio de Janeiro; 4) Edifício Copan, São Paulo; 5) Edifício Holiday, Recife; 6) Conjunto Residencial Passo d’ Areia, Porto Alegre.


4.1. CONJUNTO GOVERNADOR JUCELINO KUBITSCHEK (CGJK)
Endereço: Rua Guajajaras, 1268 – Centro – Belo Horizonte. Arquiteto: Oscar Niemeyer
Cliente: Governo do Estado de Minas Gerais
Cálculo estrutural: Joaquim Cardoso
Incorporador: Joaquim Rolla

4.1.1. Cidade: Belo Horizonte
FIGURA 01 – CGJK. Fonte: Fotos de Angela Fagundes
O Conjunto Governador Jucelino Kubitschek (FIGURA 01) está localizado na capital do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte.
FIGURA 02 – Mapa antigo de Minas Gerais. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Belo_Horizonte
Belo Horizonte torna-se a capital do estado de Minas Gerais a partir de 1897, tomando o lugar de Ouro Preto, que perde seu posto em virtude de suas ruelas estreitas e insalubres por falta de ventilação e circulação adequada. Belo Horizonte assume o lugar após longa pesquisa do engenheiro Aarão Reis, que visitou diversos locais do estado em busca do lugar ideal. A capital planejada sofre influências do urbanismo da Paris de Hausmann, com seu traçado regular e forma de malha ortogonal (FIGURA 02), facilitando a higiene bem como rotas militares.
“Em 1897 inaugura-se Belo Horizonte, com pouca arquitetura, pouca matéria prima que pudesse ser aproveitada como símbolo da cidade.” (TEIXEIRA, 1998, p. 28)
Arquitetura da Habitação Popular: alguns estudos de casos sobres os modos de morar Orientador: Raquel Rodrigues Lima Aluna: Angela Cristiane Fagundes Bolsista BPA/PUCRS
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“Aarão Reis, engenheiro, administrador, ardoroso fã da cidade de Washington, da Paris de Hausmann e do esquadro de 45°, trabalharia com todo calculismo necessário para erguer uma cidade moderna e com absoluta confiança no poder da engenharia.” (TEIXEIRA, 1998, p. 65)
4.1.2. Entorno: A Praça Raul Soares
Em meio ao caos urbano do grande centro, junto à Praça Raul Soares (FIGURAS 03, 04 e 05), situada na confluência de quatro importantes avenidas: Olegário Maciel, Augusto de Lima, Amazonas e Bias Fortes, destaca-se na paisagem o imponente Conjunto Governador Jucelino Kubitschek, com seus amplos panos de vidro e concreto aparente e seus pilares singulares.
FIGURA 03 – Localização do CGJK. Fonte: : MACEDO, 2008, p.443
A Praça Raul Soares constitui-se uma rótula e é uma das principais praças de Belo Horizonte, construída em conforme os padrões do paisagismo francês, tombada pelo IEPHA (Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico). Além do Conjunto, no entrono imediato à praça também está localizado o Mercado Central.
FIGURA 04 – Praça Raul Soares. Fonte: Google Maps FIGURA 05 – Praça Raul Soares. Fonte: Fotos de Angela Fagundes
4.1.3. Conjunto Governador Jucelino Kubitschek
O Conjunto incorporava a utopia moderna de modificação do modo de vida da sociedade, trazia a influência decisiva sobre os modos de morar e viver das populações urbanas, carregando seus desejos e aspirações, inclusive ordenando e determinando o seu convívio social.
É possível identificar no conjunto os signos do maquinismo, do domínio tecnológico, da padronização, da produção seriada da funcionalidade, típicos do Movimento Moderno. É possíivel ainda identificar quatros dos cinco pontos da arquitetura moderna citados por Le Corbusier: os pilotis, a planta livre, a janela horizontal e a fachada livre (FIGURAS 06 e 07).
O Conjunto destacava-se por ser uma edificação de grande porte (FIGURAS 08 e 09) – a mais alta da cidade – e com um programa complexo e inédito para a cidade de Belo Horizonte. A Unidade de Habitação de Marselha constituiu-se em um dos importantes referenciais para Niemeyer, embora tenha sido construído na zona central em processo de verticalização.
Arquitetura da Habitação Popular: alguns estudos de casos sobres os modos de morar Orientador: Raquel Rodrigues Lima Aluna: Angela Cristiane Fagundes Bolsista BPA/PUCRS
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FIGURAS 06 E 07 – Detalhes pilotis CGJK. Fonte: Fotos de Angela Fagundes
FIGURAS 08 E 09 – Detalhes fachadas CGJK. Fonte: Fotos de Angela Fagundes
A implantação do conjunto ocorre através da divisão em dois blocos, um de 23 e outro de 36 andares; é feita de modo que os equipamentos coletivos estão dispostos nos primeiros pavimentos, formando duas bases e duas torres. Uma das bases ocupa toda extensão do quarteirão (120 metros, máximo de quarteirão de Aarão), conforme FIGURA 10.
FIGURA 10 – Implantação do Conjunto. Fonte: MACEDO, 2008, p.443
Previam-se no Conjunto Governador Jucelino Kubitschek repartições públicas estaduais, estação rodoviária, mercado municipal, museu de arte moderna, restaurantes, boate, lojas, hotel, praças de esportes e jardins. As duas torres eram compostas por oito tipologias diferentes de plantas e a ligação entre os blocos ocorre através de uma passarela acima do nível da Rua Guajajaras.
FIGURA 11 e 12 – Circulação horizontal. Fonte: MACEDO, 2008, p.457. FIGURA 13 e 14 – Circulação vertical. Fonte: MACEDO, 2008, p.456.
Em ambas as torres uma forte característica é a identificação das circulações: tanto horizontal, através da distribuição em fita dos apartamentos, ao longo de um extenso corredor central, semelhante à rua interna da Unidade de Habitação de Marselha (FIGURAS 11 e 12); quanto da circulação vertical, que é demarcada em planta baixa da torre mais alta, através de um terceiro volume prismático de base triangular (FIGURA 13 e 14).
“A circulação horizontal, além de ser longa e quase sempre vazia, conta com o agravante da falta de iluminação natural. Já na circulação vertical, os halls de espera dos elevadores Arquitetura da Habitação Popular:
alguns estudos de casos sobres os modos de morar Orientador: Raquel Rodrigues Lima Aluna: Angela Cristiane Fagundes Bolsista BPA/PUCRS
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são peles de vidro, não raro com algumas peças quebradas. E por fim, a escada de serviço em caracol acentua de forma assutadora a nossa insignificância frente a sua estrutura tão imensa.” (PIMENTEL, 1989, p. 6)
As fachadas são amplos panos de vidro, definidas através de módulos, sendo a base de 3,16 metros de largura, o que definirá os tamanhos dos apartamentos (FIGURAS 15 e 16). Sendo assim, há o módulo de apenas um quarto (de hotel), seguindo as caracteristícas corbusianas de células mínimas de habitação, até o apartamento de cinco módulos, ou seja, de três quartos.
FIGURA 15 e 16 – Detalhes da fachada. Fonte: Fotos de Angela Fagundes
4.1.4. Função
Nas unidades habitacionais podemos observar a máquina de morar nos apartamentos pequenos com espaços mínimos para suas funções. Nas menores unidades estava previsto apenas um quarto, sem cozinha, ou sem área de serviço, já as mesmas que estariam à disposição nos equipamentos coletivos, como lavanderias, restaurantes, serviços de hotel. A diversidade de modelos de tipologias deve-se ao caráter do modernismo, visto que, anteriormente a configuração disponivel, era de apartamentos padrão, ou seja, uma planta baixa tipo para todos os pavimentos, com um ou no máximo dois modelos de apartamentos diferentes. Em relação a essa diversidade de plantas de apartamentos, observa-se as seguintes tipologias (MACEDO, 2008, p.247):
a) Apartamento Tipo 1 (FIGURA 17): é composto por um quarto sem copa (corresponde a um módulo de 3,16 metros), ocupa os três primeiros pavimentos do Bloco A;
FIGURA 17 – Planta baixa do apartamento tipo 1. Fonte: MACEDO, 2008, p. 251.
b) Apartamento Tipo 2 (FIGURA 18): é composto por um quarto e sala com banho e espaço para geladeira, ainda não apresenta uma cozinha propriamente dita. (corresponde a dois módulos de 3,16 metros);
FIGURA 18 – Planta baixa e perpectiva do apartamento tipo 2. Fonte: MACEDO, 2008, p. 251.
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c) Apartamento Tipo 3 (FIGURA 19): composto por dois quartos, sala, banheiro e cozinha (corresponde a três módulos de 3,16 metros);
FIGURA 19 – Planta baixa e perpectiva do apartamento tipo 3. Fonte: MACEDO, 2008, p. 251.
d) Apartamento Tipo 4 (FIGURA 20): composto por dois quartos, cozinha, área de serviço e dependência de empregada (corresponde a cinco módulos de 3,16 metros);
FIGURA 20 – Planta baixa e perspectiva do apartamento tipo 4. Fonte: MACEDO, 2008, p. 251.
e) Apartamento Tipo 5 (FIGURA 21): Este é o maior apartamento, composto po três quartos, sala, banheiro, cozinha, área de serviço e dependência de empregada (corresponde a cinco módulos de 3,16 metros).
FIGURA 21 – Planta baixa do apartamento tipo 5. Fonte: MACEDO, 2008, p. 251.
E ainda identificam-se mais três tipologias que se interelacionam:
1) Apartamento Tipo A (FIGURA 22): É um semi – duplex dividido em dois meios níveis com sala e cozinha junto à entrada, e quarto e banheiro acimasala, banheiro, cozinha, área de serviço e dependência de empregada (corresponde a quatro módulos de 3,16 metros);
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FIGURA 22 – Planta baixa do apartamento tipo A. Fonte: MACEDO, 2008, p. 251.
2) Apartamento Tipo B: praticamente um quarto de hotel, com uma pequeníssima copa decorrente da conciliação em corte entre o desnível do Tipo A;
FIGURA 23 – Planta baixa do apartamento tipo B. Fonte: MACEDO, 2008, p. 251.
3) Apartamento Tipo C (FIGURA 24): É apenas um quarto de hotel, (13,9m2), sem copa, que ficava nos
andares alternados, no mesmo nível de entrada do apartamento tipo.
FIGURA 24 – Planta baixa e perscpectiva do apartamento tipo C. Fonte: MACEDO, 2008, p. 251.
4.1.5. Características Compositivas
O Conjunto Governado Jucelino Kubitschek é composto de volumes independentes que se inter- relacionam. Em ambas as torres uma forte característica é a identificação das circulações.
Segundo MAHFUZ (2001) um edifício tem um tipo de caráter decorrente de alguma particularidade evidente, ou seja, aquilo que faz de um objeto algo único.

Sendo assim, o Conjunto JK seria um exemplo de “mau caráter”, já que não identificamos imediatamente a diferenciação dos usos entre um bloco e outro.
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4.2. CONJUNTO RESIDENCIAL PREFEITO MENDES DE MORAES (PEDREGULHO)
Endereço: Rua Capitão Félix, 50, Morro do Pedregulho, São Cristóvão, Rio de Janeiro Cliente: Departamento de Habitação Popular do Distrito Federal
Equipe: Affonso Eduardo Reidy, Carmen Portinho, Roberto Burle Marx, Candido Portinari; Projeto de 1946, entregue em 1958.

FIGURA 25 – Pedregulho. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 90
4.2.1. Cidade: Rio de Janeiro
A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi fundada por Estácio de Sá em 1° de março de 1565. Tornou-se capital da colônia portuguesa em 1763. Em 1808, virou a sede de todo o império português, com a fuga da monarquia de Lisboa para o trópico. O Rio passou a ser a capital do império. De 1889 até 1960 o Rio de Janeiro foi Distrito Federal Republicano. Em 1960 institui-se o Estado da Guanabara até 1975 e o Município do Rio de Janeiro a partir desse momento.
Com o declínio do trabalho escravo, a cidade passara a receber grandes contingentes de imigrantes europeus e de ex-escravos, atraídos pelas oportunidades que ali se abriam ao trabalho assalariado. Entre 1872 e 1890, sua população duplicou, passando de 274 mil para 522 mil habitantes.
O aumento da pobreza agravou a crise habitacional, traço constante na vida urbana do Rio, desde meados do século XIX. O epicentro dessa crise era ainda, e cada vez mais, o miolo central – a Cidade Velha e suas adjacências –, onde se multiplicavam as habitações coletivas e eclodiam as violentas epidemias de febre amarela, varíola, cólera-morbo, que conferiam à cidade fama internacional de porto sujo.
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FIGURA 26 – Mapa antigo do Rio de Janeiro. Fonte: www.diariodorio.com
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4.2.2. Entorno
O terreno destinado a esse fim, com área de 52. 142m2, com a taxa de ocupação de 17,3%, está situado na encosta oeste do morro do Pedregulho, sobre o qual se acham localizados os reservatórios de distribuição de água da cidade. Sua configuração é irregular e a topografia muito acidentada (FIGURA 28), apresentando uma variação de nível de 50 metros.
FIGURA 27 – Implantação. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 85
FIGURA 28 – Vista aérea. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 90
4.2.3. Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho)
O Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Moraes, vulgarmente conhecido como Pedregulho (FIGURA 29) é uma das mais importantes obras brasileiras de habitação coletiva do Modernismo. Este elaborado projeto teve como autor o conceituadíssimo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, sua companheira a Engenheira Carmen Portinho, painéis de Candido Portinari e Paisagismo de Roberto Burle Marx. Esta obra teve visibilidade internacional, sendo elogiada até por Le Corbusier em sua visita ao Brasil.
Na intensão de buscar exatamente o que a população necessitava, o projeto foi baseado em minucioso levantamento através de diversos técnicos, entre eles assistentes sociais. O objetivo era de estabelecer um novo modo de morar em parceria com seus futuros habitantes. Desta maneira são previstos diversos
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equipamentos complementares para atender tais necessidades, sob o ponto de vista de que função habitar não se resume na vida dentro de casa.
É um conjunto habitacional vertical dotado de complexo plano urbanístico, contando com espaços de lazer, conveniência e serviços, tais como: Jardim-de-infância, Maternal, Berçário, Escola Primária, Posto de Saúde, Ginásio Esportivo, Lavanderias Coletivas, Igreja, Piscina, Centro Sanitário.
É constituído por sete edifícios: três residenciais, quatro de serviço e áreas de lazer e piscina. O edifício principal possui 260 metros de extensão (272 unidades) e contam com um programa de apartamentos dotado diferentes tipologias, este é o “edifício serpenteante”.
Utiliza técnicas de engenharia avançadas para a época.
FIGURA 29 – Pedregulho. Fonte: Fonte: BONDUKI, 2002, p. 89.
4.2.4. Função
Três blocos de apartamentos sendo:
Bloco A - 7 pavimentos, 260 m de extensão, localizado a meia encosta, 272 apartamentos e pavimento intermediário de uso comum; Apartamentos de apenas uma peça até apartamentos de quatro dormitórios, inclusive duplex. A grande inovação neste bloco fica por conta do pavimento intermediário parcialmente livre, sugerido para crianças brincarem em dias chuvosos ou ainda em horário de insolação intensa. E também por conta da circulação ser externa, arejada e iluminada naturalmente, favorecendo inclusive a ventilação e iluminação do interior dos apartamentos.
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FIGURA 30 – Planta baixa. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 91
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FIGURA 31 – Corte. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 90
FIGURA 32, 33 e 34 – Detalhes do pavimento intermediário. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 92
Blocos B1 e B2 - 80 m de extensão, com 56 unidades habitacionais cada; Apartamentos duplex de dois, três e quatro dormitórios;
FIGURA 35, 36 e 37 – Bloco B. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 94
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Equipamentos
Escola Municipal
É o mais importante equipamento do conjunto. Com capacidade para atender 200 alunos, dispõe de cinco salas de aulas para atender 40 alunos cada, biblioteca, sala de estar, administração, vestiário e instalações sanitárias, além do possui ginásio de esportes e piscina olímpica. O bloco das aulas é sobre pilotis, proporcionando local coberto um dos maiores ícones das edificações modernistas.
FIGURA 38 – Equipamentos. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 97
FIGURA 39 – Escola. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 96
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Posto de saúde
(atualmente encontra-se fechado em virtude do estado de conservação precário);
FIGURA 40 – Posto de Saúde. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 101 (atualmente desativados - estados de conservação precários).
FIGURA 41 – Lavanderia. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 102 4.2.5. CARACTERÍSTICAS COMPOSITIVAS
No “Pedregulho” as características compositivas estão evidenciadas na forma serpenteante (FIGURA 28 e 29), tornando-o um edifício objeto, ou seja, um edifício singular. Pode-se observar a diferenciação dos usos na composição da fachada. O caráter do pavimento intermediário (FIGURAS 32, 33 e 34) de uso coletivo em contraposição aos demais de uso privativo.
Cooperativa/lavanderia
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4.3. CONJUNTO RESIDENCIAL MARQUÊS DE SÃO VICENTE (MINHOCÃO DA GÁVEA)
Endereço: Rio de Janeiro
Cliente: Departamento de Habitação Popular do Distrito Federal Equipe: Affonso Eduardo Reidy, Carmen Portinho
Projeto de 1952

FIGURA 42 – Minhocão da Gávea. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 112
4.3.1. Cidade: Rio de Janeiro
Ver item 4.2.1.
4.3.2. O Entorno: O Túnel Zuzu Angel
O Minhocão da Gávea está localizado junto aos Morros Dois Irmãos na Gávea. O conjunto está acima do túnel Zuzu Angel, ao qual passa uma autoestrada (FIGURAS 42 e 43).
FIGURA 43 – Vista aérea. Fonte: www.rioquepassou.com.br
O projeto original previa a construção de 748 apartamentos, creche, escola primária e secundária, playground, mercado, lavanderia, posto de saúde, igreja, teatro, campos de esportes, administração e um departamento de serviço social. Só o bloco principal, as lavanderias e o posto de saúde efetivamente foram construídos. Não foram construídos os demais sete blocos. O campo de futebol e o ginásio usado como salão de festas foram doados por uma ex-vizinha, que morava no luxuoso condomínio ao lado.
FIGURA 44 – Implantação. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 107
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4.3.3. Conjunto Residencial Marquês De São Vicente (Minhocão Da Gávea)
O Conjunto Residencial Marques de São Vicente, conhecido popularmente como Minhocão da Gávea é uma importante obra da habitação popular do século XX. Foi planejado para substituir uma favela existente no local, com aproximadamente 955 barracões, abrigando pessoas em condições de higiene e conforto precários. Já estavam em carácter provisório, até que a municipalidade promove a construção do conjunto.
O conjunto sofreu diversas alterações de seu projeto inicial, inclusive tendo seu programa suprimido e alterado. Assim como no Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, estava previsto escola, mercado e os demais blocos. E ainda tem o caso do túnel e da autoestrada que não estava previsto para aquele local. Todas as outras unidades de apoio foram descartadas ou adaptadas para a nova situação da Avenida Lagoa-Barra. O arquiteto havia projetado a autoestrada em outra localização, porém não foi acatada a sugestão pelo poder público.
Segundo Carmen Portinho a insatisfação e discordância diante da execução e alteração deste projeto, tanto de sua parte, quanto de Reidy, lhes renderam as suas aposentadorias.
4.3.4. Função
Bloco A
O bloco A é constituído por kitchenettes e duplex.
Os 1o e 2o pavimentos têm kitchenette, sendo compostos por sala multifuncional, cozinha e banheiro.
Os 4o, 5o, 6o e 7o pavimentos têm apartamentos duplex, sendo compostos por, no pavimento inferior, sala de estar/jantar e cozinha; no pavimento superior por 2 dormitórios e banheiro.

FIGURA 45 – Planta Baixa apartamentos. Fonte: BONDUKI, 2002, p. 110
4.3.5. Características compositivas
No “Minhocão da Gávea” as características compositivas estão evidenciadas na forma serpenteante (FIGURA 46), tornando-o um edifício objeto, ou seja, um edifício singular. Pode-se observar a diferenciação dos usos na composição da fachada. O caráter do pavimento intermediário de uso coletivo em contraposição aos demais de uso privativo.
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FIGURA 46 – Forma serpenteante da edificação. Fonte: Google Maps
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4.4. EDIFÍCIO COPAN
Endereço: Av. Ipiranga, 200 – São Paulo
Arquiteto: Oscar Niemeyer
Proprietário: Cia. Panamericana de Hotéis Turismo e Banco Nacional Imobiliário Projeto de 1951, entregue em 1971.
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FIGURA 47 – Detalhe da fachada. Fonte: PHILIPPOU, 2008, p.146
4.4.1. Cidade: São Paulo
São Paulo surgiu como missão jesuítica, em 25 de janeiro de 1554, reunindo em seus primeiros territórios habitantes de origem tanto europeia quanto indígena. A característica comercial e de composição heterogênea vai acompanhar a cidade em toda a sua história, e atingirá o seu ápice após o crescimento demográfico e econômico advindo do ciclo do café e da industrialização, que elevariam São Paulo ao posto de maior cidade do país.
Após a abolição da escravatura em 1888 a cidade é tomada por imigrantes oriundos em sua grande maioria da Europa, causando um aumento demográfico no qual a infraestrutura urbana da cidade não acompanhou. Neste tempo surgem os aglomerados de população nos insalubres cortiços e por consequência surgem também as pestes. No início do século XX a reorganização da composição urbana passa a ser de necessidade e intervenção sanitária. Nesse momento surgem os primeiros conjuntos habitacionais, sejam eles, em primeiro momento, horizontais, até que por fim, surgem os conjuntos verticais, estabelecendo novos modos de morar, já que a população era contrária a habitar em apartamentos.
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FIGURA 48 – Mapa histórico. Fonte: http://smdu.prefeitura.sp.gov.br
Arquitetura da Habitação Popular: alguns estudos de casos sobres os modos de morar Orientador: Raquel Rodrigues Lima Aluna: Angela Cristiane Fagundes Bolsista BPA/PUCRS
4.4.2. Entorno
O Copan está implantado no centro novo de São Paulo (FIGURA 49), na Avenida Ipiranga, junto a rua Araújo e a rua da Consolação; bem no centro urbano de São Paulo.
São 1160 unidades residenciais de diferentes tamanhos e programas organizados em setores estanques, com ingressos e circulação vertical separado uns dos outros, apesar da continuidade visual da grande lâmina onde estão localizados.
FIGURA 49 – Implantação. Fonte: BOTEY, 1996, P.64
4.4.3. Edifício Copan
O Edifício Copan (FIGURA 50) é uma importante obra, tanto plena sua influência na cidade de São Paulo, quanto pela representatividade na Arquitetura Moderna Brasileira. A sua forma sinuosa destaca-se na Avenida Ipiranga trazendo uma característica peculiar a sua fachada ou mesmo em planta, quando vista de cima (cabe salientar que São Paulo é a segunda cidade em número de helicópteros do mundo, perdendo apenas para Nova York). Traz na sua concepção a unidade de habitação vertical proposta por Le Corbusier, esse mesmo conceito já havia sido aplicado pelo próprio Niemeyer no Conjunto JK em Belo Horizonte.
Da mesma forma que o Conjunto JK, o Copan sofreu diversas alterações no seu projeto original e também levou vários anos para ficar habitável.
O edifício foi encomendado para o IV Centenário da cidade (que viria a ser comemorado em 1954). A ideia era inspirada no Rockefeller Center, de Nova York, condomínio que unia um grande centro comercial e de lazer a residências. O edifício Copan seria a imagem da "São Paulo moderna". Oscar Niemeyer desinteressou-se pelo trabalho quando suas ideias iniciais não foram totalmente atendidas e acabou delegando a Carlos Lemos o desenvolvimento do projeto de execução.
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FIGURA 50 – Edifício Copan. Fonte: BOTEY, 1996, P.66
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4.4.4. Função
O Copan é composto por seis “Blocos” (FIGURA 51) denominados de “A”, “B”, “C”, “D”, “E” e “F”. Cada um desses blocos tem tipologias distintas, sendo desde Kitchenettes até apartamentos de 3 dormitórios (Foi previsto no projeto original apartamentos de 4 dormitórios, entretanto, em virtude da subtração do hotel ao complexo, esses foram substituídos por mais kitchenettes). A base desses blocos é composta por 3 pavimentos de serviços e comércios.
FIGURA 51 – Divisão dos blocos. Fonte: LEMOS, 2014. P.141
Bloco A (FIGURA 52)
Constituído por 2 apartamentos por pavimento: 64 apartamentos de 2 dormitórios, 84, 13 m2 de área útil cada. Os apartamentos são compostos de sala de estar/jantar, 1 banho social, 2 dormitórios, cozinha, área de serviço, 1 dormitório de empregada e 1 banheiro de empregada.
FIGURA 52 – Apartamento de 2 dormitórios. Fonte: GALVÃO, 2007. P. 31 Bloco B (FIGURA 53)
Constituído por 20 apartamentos por pavimento: 640 apartamentos, 448 de 1 dormitório e 192 kitchenettes. As kitchenettes têm 24,67 m2, compostas por sala multifuncional, banheiro e cozinha; Os apartamentos de 1 dormitório têm 32,37 m2 sala de estar/jantar, dormitório, cozinha e banheiro.
FIGURA 53 – Apartamento Kitchenette e de 1 dormitório. Fonte: GALVÃO, 2007. P.31
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Bloco C (FIGURA 54)
Constituído por 2 apartamentos por pavimento: 64 apartamentos de 3 dormitórios, de 122,48 m2 cada um. Os apartamentos são compostos de sala de estar/jantar, 1 banheiro social, 3 dormitórios, cozinha área de serviço, 1 dormitório de empregada e 1 banheiro de empregada.
FIGURA 54 – Apartamento de 3 dormitórios. Fonte: GALVÃO, 2007. P. 32 Bloco D (FIGURA 55)
Constituído por 2 apartamentos por pavimento: 64 apartamentos de 3 dormitórios, 161,23 m2 cada um. Os apartamentos são compostos de sala de estar/jantar, 2 banheiro social, 3 dormitórios, cozinha área de serviço, 1 dormitório de empregada e 1 banheiro de empregada.
FIGURA 55 – Apartamento de 3 dormitórios. Fonte: GALVÃO, 2007. P. 33 Bloco E (FIGURA 56)
Constituído por 4 apartamentos por pavimento do 1o ao 12o pavimento e seis apartamentos por pavimento do 13o ao 32o totalizando 168 apartamentos. As kitchenettes são de 27,56 m2, 28,31 m2, 30,46 m2, 38,31 m2 e 38,58 m2 de áreas úteis e apartamentos de 1 dormitório com 59 m2 e 69 m2 de áreas úteis, totalizando 144 unidades. As kitchenettes têm sala multifuncional, banheiro e cozinha. Os apartamentos de 1 dormitório têm sala de estar/jantar, dormitório, cozinha e banheiro.
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FIGURA 57– 1o ao 12o pavimento
13o ao 32o pavimento. Fonte: GALVÃO, 2007 P. 34
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Bloco F (FIGURA 58)
Constituído por 5 apartamentos por pavimento: 160 apartamentos. 64 de 1 dormitório e 96 kitchenettes. As kitchenettes têm 25,98 m2, 29,85 m2 e 36,48 m2, compostas por sala multifuncional, banheiro e cozinha. Os apartamentos de 1 dormitório têm 54,43 m2 e 62,15 m2 sala de estar/jantar, dormitório, cozinha e banheiro.
FIGURA 58 – Planta de Kitchenette e de 1 dormitório. Fonte: GALVÃO, 2007. P. 34
4.4.5. Características compositivas e caráter
No Copan as características compositivas se fundem com o próprio caráter. O edifício é um edifício objeto, ou seja, ele tem características formais que o tornam uma referência na cidade. O caráter residencial se destaca nos pavimentos superiores onde há uma unidade visual e o caráter comercial se evidencia nos pavimentos inferiores onde imediatamente se identifica a diferenciação visual e de usos (FIGURA 59).
FIGURA 59 – Imagem do lançamento do Edifício Copan. Fonte: BOTEY, 1996, P.66
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4.5. EDIFÍCIO HOLIDAY
Endereço: Avenida Conselheiro Aguiar esquina com Rua Salgueiro, Praia de Boa Viagem, Recife Arquiteto: Joaquim de Almeida Marques Rodrigues
Proprietário: Paulo Octavio de Lima
Projeto de 1957, entregue em 1959.
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FIGURA 60 – Edifício Holiday. Fonte: SAMPAIO, 2002, P. 260
4.5.1. Cidade: Recife
Recife originou-se como porto da cidade de Olinda então capital de Pernambuco. Por essa condição de porto que Recife tornou-se um ponto de encontro de povos de várias culturas, um mosaico de costumes, o que gerou a cidade de maior diversidade cultural do país.
Recife foi dominada e administrada pelos holandeses em meados do século XVII, trazendo mais uma influência cultural para a cidade. Nesse período de submissão aos holandeses o conde alemão Maurício de Nassau, desembarcou na Nieuw Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse ponto começa a construção de Mauritsstad, que foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável pelo traçado da nova cidade e de edifícios como o palácio de Freeburg, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, e do prédio do observatório astronômico, tido como o primeiro do Novo Mundo.
Em 1710 Recife é denominada vila independente devido ao seu desenvolvimento originado pelos mascates que chegavam a todo o momento e se estabeleciam por lá.
O início do século XIX no Recife foi marcado por revoltas inspiradas no ideário liberal vindo da Europa: comerciantes, aristocratas e padres, para exigir mais autonomia para a colônia. Entretanto, a classe dominante evitava questões como o fim da escravatura e dispensava a participação popular, temendo revolução.
FIGURA 61 – Mapa histórico de Recife. Fonte: www.edsonprof.blogspot.com.br
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Nesse mesmo século, ocorreram as revoluções mais conhecidas da História do Recife. A Revolução de 1817, a Confederação do Equador, de 1824 e a Revolução Praieira, de 1848. O Recife deixou de ser vila, não se subordinava ao poder central, nem estava subordinada a Olinda. Nesse tempo, iniciou-se um grande período de desenvolvimento da cidade. A elevação à categoria de cidade ocorreu em 1823.
No início do século XX, iniciou-se um período de agitação cultural e a encantadora Belle Époque mostrou a busca de novas linguagens para traduzir as velozes mudanças trazidas pelas novas técnicas.
4.5.2. Entorno
Trata-se um grande bloco semicircular, implantado no centro de um lote trapezoidal de esquina. Localizado em área pouco consolidada da cidade de então, ocupada quase exclusivamente por veranistas, propunha vários serviços que viabilizaram a moradia permanente de famílias na área. Estavam previstos, em edifícios anexos ao corpo do bloco principal, um centro de abastecimento e uma área para restaurante. No térreo, ocupando os espaços entre os pilotis, localizavam-se as lojas e o acesso aos apartamentos. Os três volumes se interligavam, ainda, por uma longa marquise.
FIGURA 62 – Imagem aérea da Paria da Boa Viagem. Fonte: Google Maps
4.5.3. Edifício Holiday
Quando Recife era chamada de Veneza brasileira e a praia de Boa Viagem um paraíso tropical livre de tubarões, o Edifício Holiday era o máximo das residências de verão da classe média pernambucana. Construído entre 1957 e 1959, foi um dos primeiros arranha-céus da capital, junto com o Edifício Acaiaca e o Edifício Califórnia – erguidos no mesmo bairro também no final da década de 1950. É um marco na Arquitetura Modernista da cidade.
No entanto, a intenção do projeto do engenheiro Joaquim de Almeida Marques Rodrigues desvirtuou as nobres intenções do empreendimento. O que era para ser um local de veraneio e repouso familiar transformou-se num prostíbulo.
Hoje são 476 apartamentos (divididos em 317 kitchenettes, 65 quarto-e-salas e 34 dois-quartos). Entre as quase 3 mil pessoas que ocupam os 17 andares do prédio encontram-se famílias de baixa renda, artesãos e uma abundante população de prostitutas e traficantes. Transformou-se em uma favela vertical no bairro mais nobre de Recife.
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FIGURA 63 – Desenho do Edifício Holiday. Fonte: SAMPAIO, 2002, P. 260
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4.5.4. Função
Ao longo de 17 pavimentos, distribuem-se 28 unidades por pavimento (FIGURA 64), totalizando 476 apartamentos, sendo de três tipologias: kitchenettes, quarto e sala ou dois dormitórios (FIGURA 65).
FIGURA 64 – Planta Baixa. Fonte: SAMPAIO, 2002, P. 261
FIGURA 65 – Planta baixa e croquis. Fonte: SAMPAIO, 2002, P. 262
4.5.5. Características Compositivas
No Edifício Holiday as características compositivas estão evidenciadas na sua forma semicircular (FIGURA 64), tornando-o um edifício objeto, ou seja, um edifício singular.
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4.6. CONJUNTO RESIDENCIAL PASSO D’AREIA (VILA IAPI)
Endereço: Porto Alegre
Proprietário: IAPI
Equipe: Marcus Kruter e Edmundo Gardolinski; Projeto de 1946.

FIGURA 66 – Vila IAPI, Porto Alegre. Fonte: Acervo Foto Nick, publicado em Almanaque Gaúcho (ClickRBS)
4.6.1. Cidade: Porto Alegre
A data oficial de fundação da cidade de Porto Alegre é 26 de março de 1772 com a criação da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, um ano depois alterada para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. O povoamento, contudo, começou em 1752, com a chegada de 60 casais portugueses açorianos trazidos por meio do Tratado de Madri para se instalarem nas Missões, região do Noroeste do Estado que estava sendo entregue ao governo português em troca da Colônia de Sacramento, nas margens do Rio da Prata. A demarcação dessas terras demorou e os açorianos permaneceram no então chamado Porto de Viamão, primeira denominação de Porto Alegre.
Em 24 de julho de 1773, Porto Alegre se tornou a capital da capitania, com a instalação oficial do governo de José Marcelino de Figueiredo. A partir de 1824, passou a receber imigrantes de todo o mundo, em particular alemães, italianos, espanhóis, africanos, poloneses, judeus e libaneses.
Em 20 de setembro de 1835, como resultado da insatisfação econômica e política, e culminando uma série desentendimentos com o governo central, irrompeu na cidade uma revolta que acabou por tomar um cunho republicano e separatista, a Revolução Farroupilha.

Com o fim da Guerra dos Farrapos, a cidade retomou seu desenvolvimento e passa por uma forte reestruturação urbana nas últimas décadas do século XVIII, movida principalmente pelo rápido crescimento das atividades portuárias e dos estaleiros. O desenvolvimento foi contínuo ao longo do tempo e a cidade se manteve no centro dos acontecimentos culturais, políticos e sociais do país como terra de grandes escritores, intelectuais, artistas, políticos e acontecimentos que marcaram a história do Brasil.
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FIGURA 67 – Mapa histórico. Fonte: www.memoriacarris.blogspot.com.br
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4.6.2. Entorno
A Vila do IAPI é um conjunto habitacional integrado a malha urbana da capital gaúcha. Situa-se no bairro Passo d’Areia, na zona norte da cidade. Hoje está cercado por importantes vias de ligação.
A área consiste em um conglomerado de prédios e de casas de arquitetura peculiar e semelhante, construídos nas décadas de 1940 e 1950, durante a gestão do prefeito Ildo Meneghetti para abrigar trabalhadores da indústria. Seu nome tem origem no Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), que financiou projetos de habitação popular em grandes cidades do Brasil.
FIGURA 68 – Habitações na Vila IAPI, Porto Alegre. Fonte: Foto de Angela Fagundes
A Vila obedece as características de um bairro residencial autônomo. Localizada a 6 km do centro da cidade, o terreno é limitado ao norte pela estrada do Passo d’Areia (atual avenida Assis Brasil), ao sul e sudeste, pela estrada da Pedreira (atual avenida Plínio Brasil Milano), a sudeste, pela rua Cristóvão Colombo, e a oeste, pelo cemitério são João e pela avenida Mal. José Inácio da Silva (LAPOLLI; 2006: 63).
FIGURA 69 – Vila IAPI, Porto Alegre. Fonte: Acervo Foto Nick, publicado em Almanaque Gaúcho (ClickRBS)
No centro do projeto (FIGURA 70), encontra-se o centro social, tendo como foco o estádio Alim Pedro, local para a prática de esportes, próximo aos edifícios comerciais mistos. À frente destes, encontra-se a avenida dos Industriários, ligando a avenida Plínio Brasil Milano a Brasiliano de Morais, na forma de um “Y”. É justamente nessas três avenidas que se encontram as “portas urbanas” (ANDRADE; 1994:167). A “porta nobre” com os edifícios simétricos do Instituto; a “porta sul”, com a praça “Província de Shiga”, e a “porta leste” com a praça “Índia Obirici”, deformada pela construção do Viaduto Obirici, nos anos 1970. O sistema secundário é composto por ruas internas, vielas e passagens de intensa arborização e traçado orgânico, respeitando as características do terreno, consolidando um sistema hierarquizado (DEGANI: 2003; 119 E 120). Quatro praças foram definidas dentro do conjunto: junto à “porta norte” –
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praça Cônego Cleto Benvenutti – outra junto a “porta sul” – praça dos Gusmões – uma junto ao cemitério são João – praça José Maurício – e uma interna, na parte “alta da Vila” – praça Chopin, além de pequenas áreas de recreação junto as escolas primárias (LAPOLLI; 2006: 64).
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FIGURA 70 – Praça central da Vila IAPI, Porto Alegre. Fonte: Foto de Angela Fagundes
4.6.3. Conjunto Residencial Passo d’Areia – Vila IAPI
O projeto do Conjunto Residencial Passo d’Areia, popularmente conhecido por Vila IAPI, foi executado em duas etapas. A primeira foi elaborada pelo engenheiro carioca José Otacílio de Saboya Ribeiro. Saboyba foi vencedor de um concurso promovido pelo Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários, para ser desenvolvido pela equipe de engenharia local. Foi então que o engenheiro Edmundo Gardolinski assumiu junto com o engenheiro Marcos Kruter a elaboração final e execução do projeto urbanístico.
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FIGURA 71 – Habitação na Vila IAPI, Porto Alegre. Fonte: Foto de Angela Fagundes
A Vila foi inaugurada (FIGURA 72) no ano de 1953, pelo então presidente da República, Getúlio Vargas.
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FIGURA 72 – Inauguração da Vila IAPI, Porto Alegre. Fonte: Acervo Foto Nick, publicado em Almanaque Gaúcho (ClickRBS)
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4.6.4. Função
As unidades residenciais – no total de 2.446 unidades – compunham-se de casas individuais no centro dos lotes (FIGURAS 73 E 74), casas geminadas, prédios de dois pavimentos com quatro unidades cada, e prédios de apartamentos, alguns deles mistos, com comércio no pavimento térreo. Os terrenos das unidades multifamiliares foram divididos de forma que cada uma das unidades possuísse um pátio para abrigar galinheiros, pequenas hortas e coradouros – mesmo nas unidades situadas nos pavimentos superiores. Foram previstos espaços específicos para a localização dos serviços de comércio e lazer, bem como os demais equipamentos comunitários como escolas, igreja, delegacia de polícia e um hospital – que não chegou a ser construído. A preocupação ecológica aparece no projeto através da inovadora concepção de uma adutora para atender exclusivamente ao abastecimento de água e uma estação de tratamento de esgotos do conjunto habitacional, a primeira de Porto Alegre (DEGANI; 2003: 132 A 141).
FIGURA 73 e 74 – Habitações na Vila IAPI, Porto Alegre. Fonte: Foto de Angela Fagundes
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CONCLUSÃO
A presente pesquisa foi de imensurável valor ao meu crescimento acadêmico, profissional e influenciou inclusive na minha formação de opinião e postura de cidadã.
Ao longo da pesquisa foi possível aprofundar meus conhecimentos em relação à própria história do Brasil, seja ela geral ou política indo além do campo da Arquitetura e Urbanismo.

Os edifícios analisados estão inseridos em diferentes Estados e regiões brasileiras de forma intencional, para que pudessem ser avaliados nos diferentes contextos, enriquecendo a pesquisa.
Percebe-se que os projetos eram de uma qualidade e complexidade que não encontramos em muitos dos projetos dos tempos atuais. Antes dos projetos serem iniciados, havia uma extensa pesquisa multidisciplinar para servir de ponto de partida para o projeto.

Infelizmente no decorrer do processo, alguns itens eram corrompidos, alterados ou subtraídos, de forma a favorecer questões políticas e pessoais. Como disse Carmen Portinho “coisas nossas, bem nossas”, referindo-se às corrupções do Governo Brasileiro (BONDUKI, 1999, p.112).
O Conjunto Marquês de São Vicente, o “Minhocão da Gávea”, no Rio de Janeiro, sofreu a alteração de uma autoestrada cruzando o edifício, trazendo poluição sonora, tremores no edifício e desprezo com seus moradores. Mais uma vez a comunidade pobre perde para os interesses da sociedade elitista.

Em Recife, por ironia do destino, um dos melhores exemplares da Arquitetura Moderna, veio a transformar-se em uma favela vertical muito mal vista no bairro mais nobre da cidade.
O Edifício Copan, em São Paulo sofreu degradação por falta de manutenção, assim como o Conjunto Prefeito Mendes de Moraes, o Pedregulho, no Rio de Janeiro que já está com alguns blocos da sua infraestrutura comprometidos de tal maneira que foram interditados.

A semelhança entre eles é além de pertencerem ao período do Modernismo, a decadência que todos entraram em seguida.
Hoje em dia já está havendo um retorno, uma tentativa de resgate da população e de alguns órgãos públicos e privados, associações de moradores, enfim, pessoas interessadas e engajadas na revitalização dos conjuntos ou até mesmo dos bairros. Ainda longe do ideal, já que tratamos de marcos do modernismo, mas num mundo tão ávido pelo novo podemos enxergar tais iniciativas como um começo. Outra questão que foi observada foi ausência de diálogo com seus moradores, desconsideração dos desejos e necessidades dos seus usuários. Os assistentes sociais faziam os levantamentos de acordo com o número de ocupantes, bem como das faixas etárias para dimensionamentos das escolas, por exemplo. Entretanto, não foram avaliados aspectos culturais e regionais. O Modernismo tentava impor seus modos de morar, com pretensões de transformar o cidadão em produtos resultantes da Revolução Industrial, produzidos em série.

Este é mais um item sendo repetido nos dias de hoje. A produção atual de Habitação de Interesse Social tem metas de ordem quantitativa, desconsiderando mais uma vez a questão qualitativa, sem diálogo com o povo, produzindo em massa projetos que se adaptam de norte a sul do país sem levar em consideração nem as diferenças de orientação solar.
A esperança concentra-se na sociedade que precisa organizar-se e pressionar poder púbico exigindo que tais diálogos ocorram e principalmente na preservação da nossa história. História de um tempo que a Arquitetura Brasileira era de tanta qualidade que era referência mundial, elogiada por grandes mestres como Le Corbusier.
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PARECER DO ORIENTADOR
A presente pesquisa foi desenvolvida com seriedade e competência pela estudante Ângela Cristiane Fagundes. Ao longo do período de investigação, a estudante demonstrou grande interesse pela área de estudo, espírito investigativo e competência ao desenvolver as diferentes atividades de um pesquisador. Realizou uma importante reflexão e aprofundamento do tema em estudo. O trabalho realizado valeu-se de procedimentos metodológicos adequados e atuais, além de uma bibliografia relevante. Foi desenvolvida uma importante revisão bibliográfica, onde a estudante utilizou documentos de fontes primárias dos quais surgiram dados inéditos que muito contribuíram para a qualificação do presente trabalho. Neste sentido, sugere-se a enfatização destas fontes primárias, visto que é um grande mérito da pesquisadora tanto a busca quanto o manuseio com dados deste porte. Destacam-se aspectos relevantes do presente relatório: a) a organização do trabalho; b) a conciliação entre o passado e o presente, com olhos no futuro e c) uma boa síntese apresentada na análise das obras.
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MAHFUZ, Edson. O Clássico, o poético e o erótico e outros ensaios. Porto Alegre: Editora Ritter dos Reis, 2001.
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Reidy o filme – REIDY, a construção da utopia. Ana Maria Magalhães, Coleção Canal Brasil, 2009. 77 mim: colorido, DVD
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SALVADORETTI, Augusto Manfredini. “Minhocão da Gávea”: um conjunto de habitação exemplar desfigurado pelo poder público. Porto Alegre: FAU/PUCRS, 2013. Apresentação no XX Salão de Iniciação Científica da PUCRS, orientada pela Professora Nara Helena Naumann Machado.
SAMPAIO, Maria Ruth Amaral De. A promoção privada de habitação econômica e a arquitetura moderna: 1930-1964. São Carlos: RiMa/FAPESP, 2002.
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ANEXOS
Seguem os certificados dos eventos científicos nos quais tive a oportunidade de participar, estimulada pela presente pesquisa e através do encorajamento constante da orientadora Dra. Raquel Rodrigues Lima.
Em virtude da presente pesquisa também tive a oportunidade de visitar três das obras abordadas nesse relatório, que são: Conjunto Governador Jucelino Kubtschek, em Belo Horizonte, MG; Conjunto Residencial Marques de São Vicente, no Rio de Janeiro, RJ; Conjunto Residencial Passo d’Areia, em Porto Alegre, RS
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ANEXO 1
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ANEXO 2
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ANEXO 3
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ANEXO 4
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ANEXO 5
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ANEXO 6
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ANEXO 7
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